quinta-feira, 5 de maio de 2011

É possível amor em Filosofia?

           Sabem daqueles momentos que quando lemos saímos de nós mesmos entramos na página e  pensamos em muitas coisas a medida que lemos. Ficamos bravos com nós mesmos porque nos distraímos e novamente ao ler, nossa alma teima a desencarnar querendo se fixar em algo que parece ser desconexo? Pois é, isto aconteceu comigo. Milagre, ilusão, premonição, razão... Conversão? Ainda bem que só após uma profunda reflexão ordenamos tais pensamentos pela linguagem escrita. Por isso, senti a necessidade de escrever sobre algo que ocorre em qualquer sala de aula, pois me lembrei não apenas da óbvia vivência de discente, mas também da prazerosa experiência como professor de ensino médio e ensino superior na área de Ciências Contábeis que tive há duas décadas.

          Mas, como ia dizendo, senti então uma necessidade de escrever. Acredito que esta necessidade decorra daquele “criar conceitos” de grandes pensadores como Deleuze e Nietzsche. Será que tenho um conceito em concepção neste momento? Será mesmo? E então, vamos ver? – Vou fazer um exame igual àquele diagnóstico que se faz na gestante para ver como está a saúde do bebê. Aplicarei este “ultra-som” na natureza deste meu pensamento. Para começar, vou considerar ser necessário transformar a sala de aula em um laboratório, como aqueles ligados à biomédicas. Já o mundo inteligível, as idéias e o racionalismo em si são importantíssimos, e nascem, por aquela "maiêutica (parto) socrática", em cada aluno por uma experimentação muito semelhante ao que Hobbes, Locke e Hume - empiristas da Ilha pregavam. Portanto, além dos alunos, além do método socrático, além de um mundo inteligível e muito além dos contratos empiristas, existe uma parte a ser examinada de importância ímpar: o professor. Estabelecerei então que o professor é apenas um órgão que vai ter a desafiadora função de uma válvula reguladora do fluxo de ida e volta do conhecimento e sua aquerência pelo aluno. O uso desta válvula tornará possível a compreensão entre: 1) inatismo ou o conhecimento racional e teórico e 2) uma filosofia empírica que deve ser metódica e experimental. Neste sentido o professor criará conceitos a partir de ser válvula que regulará o fluxo de (1) e (2) do aluno para o próprio aluno. Tal ação causará nos alunos uma compreensão sobre o método de aula a partir da metodologia racional-empirista criada pelo próprio professor naquele momento. Portanto, será através do professor, que cada célula filosófica (aluno) voltará a si própria, onde em cada uma serão muito mais criados, recriados e modificados os conceitos que são externados passando sempre por aquela válvula onde cada célula vai provar se compreende ou se é compreendida, sempre dela para ela mesma.

          Pelo exposto, com efeito, o professor em sala de aula deve estar protegido – proteção em tempo real como um antivírus de computador – senão esmorece, cai e perderá aquela dignidade[1] de cada uma daquelas células filosóficas. Importante notar que a perda da dignidade do aluno poderá significar como se esta dignidade caísse naquele rio chamado pensamento democrático onde, aliás, atualmente tudo é possível cair nele. Dessa forma este rio acaba sendo a justificativa irrefletida de qualquer célula filosófica, uma vez degenerada e cancerosa que comprometerá todos que com ela vivem, afinal de contas, nosso exame chegou até aquela pequenina célula que é base para uma vida que sempre nasce. 

          Enfim, o professor de filosofia deve estar sempre protegido pelo amor. (por favor, leia o título) 
________________________
[1] Deixo claro que quando digo “aquela dignidade” me refiro à dignidade do aluno e não do professor.