terça-feira, 25 de outubro de 2016

O sorriso do ser.

O sorriso do ser é uma das coisas mais difíceis de ser encontrado. Mesmo com a técnica cada vez mais tecnológica e com o árduo estudo que podem consagrar pessoas envolvidas nesta particular e espetacular busca: a busca pelo sorriso do ser. Sabemos que quase todo mundo não dá importância para isso.

Após tal empreendedora busca, ocorrerá enfim o encontro com o sorriso do ser. Encontro este que certamente estará envolvido por dois tipos de bem estar, se num identifica um sorriso, mesmo que seja um sorriso negativo então a reflexão será o norte que curará ele, ou preservará se for um sorriso já pleno de dignidade. Ainda, o outro bem estar diz respeito à ética praticada na busca do sorriso do ser, que não é ética para os outros, mas é ética para si. É a própria compreensão de si mesmo, mas que é sempre transformada, desnudada para uma ética maior, política.


Parabéns Dentistas pelo seu dia. 25 de Outubro, dia do Dentista.

sábado, 15 de outubro de 2016

A classe dos professores – como qualquer outra classe.

Neste dia 15 de outubro homenageia-se como data denominada no Brasil, o Dia dos Professores. Também não se pode deixar de observar a etimologia desta data que remeterá a data católica de importante veneração à Santa Teresa D’Ávila – Doutora, senão dentro todos os doutores a maior. Embora, a colocação desta etimologia advenha de crença religiosa, a menção dela é apenas para posicionamento histórico ao qual quer o texto apresentar uma singela reflexão para esta data professoral.

Pois bem, hoje a classe de professores pode muito bem ser considerada de mesmo nível a diversas outras classes de nível superior do Brasil e também por que não, de diversos países do mundo não é mesmo? – Entretanto há que se considerar que muitos a tenham como o ideal de uma classe profissional admitindo-a como a classe das classes, ou a mais importante classe que transcende o próprio princípio do que se entenda como classe profissional.

Quando o tema apresenta a classe dos professores como qualquer outra classe, não apenas quer trazer à luz da reflexão a banalização da classe professoral, como também elaborar uma compreensão sobre o quanto viciadas estariam todas as classes profissionais. A própria banalização de qualquer classe decorre dos vícios que a fazem teimar para a não busca de seu próprio desenvolvimento pleno. A classe dos professores infelizmente não está livre disto, ou melhor, não está livre deste estado de vício que a caracterizaria como viciada na contemporaneidade. Como um jogo de dados em que os dados apresentem um defeito e teimem sempre em sucessivas jogadas a sempre mostrar suas mesmas faces numerais, portanto é neste sentido que se adjetiva como viciada. Deixemos para trás as características da conjuntura política, também a social e porque não também as pluralidades culturais. Mesmo não querendo esquecê-las e sabendo do impacto que tenham em seu relativo tanto negativo quanto positivo, mas por hora, para o aprofundamento da reflexão da classe dos professores é por bom processo, fenomenológico, diga-se de passagem, separar tais características como se colocando entre parênteses, afinal o propósito do texto é oferecer à classe dos professores uma reflexão que possa oferecer algum tipo de informação que verdadeiramente vise transcendê-la do que seja hoje uma simples classe profissional.

No desenvolvimento de suas habilidades, capacidades e potencialidades a classe dos professores e seus membros atribuem-se uns aos outros o mesmo que a si mesmo; assim atribui-se uma conduta que se espera do que seja um professor, afinal faz parte de uma classe e não pode deixar de o sê-lo. Contudo a questão que se quer amparar diz respeito a algo mais profundo do que a cientificidade sempre e cotidianamente apresentada à consciência de cada professor. Os professores em cada uma de suas áreas científicas tem sempre uma resposta pronta, uma resposta previamente formulada com base em vasto e competente rigor metodológico científico e fica muito clara que é justamente isto a característica que todos e também cada um dos professores alegará como sendo a justa justificativa que ampare a ideia de que a classe dos professores é uma classe que em seu ideal é a mais cara – não no sentido monetário, é lógico – a mais importante, a mais qualificada a passar um aprendizado que diste cada vez mais do senso-comum para dar ao aluno a compreensão de mundo tão necessária. Mas... Onde está o vicio? Onde estariam as faces de dados que teimam a se mostrar sempre as mesmas dentro da classe dos professores? O que é este estado de vício profissional que vai minando o professor sem ele mesmo perceber a podridão que o levará? Ou não terá mesmo vícios – erro algum? – Pois os anos em licenciamento o purgaram de todo o mal, a seguir os pós anos pedagógicos também o consagraram tal qual a um semideus que, beneditinamente, portando sua regra científica sente-se amparado, fortalecido, qualificado e até santificadamente pronto para se apresentar diante da comunidade discente.

O verdadeiro processo de conhecimento não são as vias científicas de fato, isto é, não é o conhecimento das Ciências de Fatos que admitem o processo que levou o professor a obter conhecimento, como um processo verdadeiro. O professor que se prende à sua base científica estará contaminado por um positivismo doido que avança sem igual todos os dias em nossas salas de aulas, causando tão mais perplexidade, tanto mais uma corda de tensão entre professor e aluno. O processo do conhecimento que levou o professor a obter sua particular ciência de fato foi um processo de conhecimento baseado na própria ciência de fato. [Neste momento é necessário entender os níveis mais baixos de consciência que o texto está levando à reflexão do leitor.] Para se livrar de um processo de conhecimento positivista e viciado, isto é, um processo que leve o professor a obter o conhecimento apenas de alguma Ciência em loco e específica é necessário que o professor se aprofunde ainda mais na sua consciência e observe por um exercício verdadeiramente transcendental e que o leve a questionar a validade ou não daquela ciência. Que o leve a perguntar, o que é esta ciência que professo? Não se trata de uma pergunta histórica para uma resposta histórica – não. É diferente, afinal é “tentar ouvir” a validade da ciência que professa como uma validade sólida e verdadeira, só que antes daquela ciência se tornar a sua Ciência que professará, isto é, que acreditará. A busca da Verdade de sua ciência baseia-se não num processo de conhecimento pela ciência de fato em si, mas diferentemente por um processo que questione se ela, sua ciência, é verdadeira ou não a partir das estruturas de consciência dele mesmo, professor e de como esta clarificação de ciência se dá na sua própria estrutura de consciência[1]. Estrutura de consciência que é a mesma em todos os seres humanos, mas que se dá por intensidades diferentes.

Como vimos não é tarefa fácil. É difícil, é muito difícil. Mas após este exercício filosófico o professor pode se tornar melhor e transcendental, aí sim a classe será a Verdadeira Classe de Professores que tanto estimamos e desejamos através daquele Ideal do Ser para o Nós só que a agora a partir do Ser para Si.
por Armando Poli Junior.



[1]
BELLO, A. A. Introdução à fenomenologia. Tradução de Ir. Jacinta Turolo Garcia e Miguel Mahfoud. Bauru, SP: Edusc, 2006. 108 p.
HUSSERL, E. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. Tradução de Márcio Suzuki. 4. ed. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2006. 384 p.