quarta-feira, 14 de março de 2012

a      e      b
a   pergunta: O objeto que Frege[1] via, existia? Ele era realmente o que Frege via?
b   responde: Sim, existia; sim era.
a   exclamando, pergunta: Então, prove!? Mas prove pelo uso de uma linguagem.
b responde: Não sei como provar, porque me faltam definições adequadas de elementos para compor o compreensível sobre – do primeiro que parte e aos outros que se seguem – um algo que tenha maneira de ser expresso mais facilmente com um lápis e papel do que com o uso de vogais e consoantes na oralidade.
a  colabora: Sua dificuldade pode ter origem em algo que Frege já havia pensado. Mas, o que Frege visava como objetivo de suas investigações não era a linguagem; Frege visava outra coisa como a Aritmética, a qual tivesse seus princípios e conceitos integrados a princípios e conceitos puramente lógicos (ABBAGNANO, 2007, p. 725). É claro que para chegar a este fim precisou, durante o seu logicismo[2], elaborar solução para o problema que é o motivo de nossa conversa.
b  exclama: Grande  “ a ”, você tem mesmo tudo dentro de sua cabeça.
a  : Pois é né. Ainda mais, Frege estava criando por tabela a nossa Linguagem Lógica.
b : Então tá! Como sou eu mesmo que deverei responder a prova que me propõe, então farei de tudo para demonstrar através de certos conceitos, tudo aquilo que você tem dentro da sua cabeça. Bem primeiro devo admitir os conceitos mais importantes: sentença, sentido, referência e valor de verdade.
a  : você está indo muito bem, mas como vai demonstrar a relação entre eles?
b : com a lógica, é claro. Veja: “[...] a referência de uma sentença é seu valor de verdade, então este tem de permanecer inalterado, quando uma parte da sentença for substituída por uma expressão que tenha a mesma referência, mas sentido diverso.” (FREGE, 2009, p. 70)
a  então intervém: Mas penso estar faltando algo. Você admitiu sentença, por exemplo. Ora, penso que a sentença tem sujeito e predicado. Onde eles estão? Se for linguagem, temos necessariamente que falar do sujeito e do predicado.
b  : sujeito e predicado dizem respeito ao pensamento. O que estou querendo explicar são conceitos lógicos e não conceitos de pensamento. Precisamos dos conceitos lógicos que descreverei para obtermos algum conhecimento[3]. Assim, os conceitos que admiti servem para uma suposição lógica e vão dizer, principalmente, respeito ao valor de verdade da referência, contudo, você precisa me ajudar a pensar porque se em minha demonstração lógica eu ficar preso somente à “referência” de uma sentença, então esta sentença poderá ser verdadeira ou falsa e isto não nos poderá em muito ajudar a provar se o que Frege via era o que realmente ele via.
a   :  Então, mais correto é se fizermos juntos “[...] uma trajetória de um pensamento para o seu valor de verdade.”[4]
b  : Ok! Entendi. Juízos. Faremos um julgamento, certo!?
a  : Mas como teremos razoável certeza de que fizemos o juízo correto?
b  : Não há problema algum. Basta que para isso verifiquemos cada sentido e se isto ainda não for suficiente, então poderemos analisar substituições de parte da sentença não mais por outra parte, mas por outra sentença inteira; daí...
a  : Espere, espere. Sentido!? Que sentido? Nem resolvemos ainda a parte do sentido e você já quer ir se adiantando nas sentenças subordinadas?
b  : Estava empolgado, me desculpe. Já estava me esquecendo de demonstrar o que me prometi provar então veja o quadro abaixo:
a  : Caro “ b ” ! Mesmo assim, ainda não conseguiu me provar a existência do que Frege via! Muito embora tenha demonstrado seus conceitos acerca do que se passava em minha cabeça. Por isso acho que nunca poderei sozinho resolver a dúvida sobre a prova da existência de algo ou se o que vejo é o que realmente vejo, mas com você me ajudando poderemos não apenas provar, mas ainda estabelecer muitas outras...
b  : Calminha aí,“ a ”, ainda somos iguais[5] !

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Referências Bibliográficas:
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. Tradução de Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. 5. ed. rev e ampl. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 1210 p.
E - referências:
FREGE, F. L. G. Scridb. Sobre o sentido e a referência, 2009. Disponivel em: <http://pt.scribd.com/doc/56489804/Frege-Sobre-o-Sentido-e-a-Referencia>. Acesso em: 10 Março 2012. [in: ALCOFORADO, P. Lógica e filosofia da linguagem. São Paulo: Cutrix, 1978. 160 p.].
WIKIPÉDIA. Gottlob Frege, 2012. Disponivel em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Gottlob_Frege>. Acesso em: 13 Março 2012.


[1] Friedrich Ludwig Gottlob Frege (*8 de novembro de 1848;  +26 de julho de 1925) foi um matemático, lógico e filósofo alemão. (WIKIPÉDIA, 2012)
[2] (ABBAGNANO, 2007, p. 727)
[3] (FREGE, 2009, p. 70)
[4] Ibidem
[5] “Se a=b, então realmente a referência de ‘b’ é a mesma que a de ‘a’, e portanto, também o valor de verdade de ‘a=b’ é o mesmo que o de ‘a=a’. Apesar disto, o sentido de ‘b’ pode diferir do de ‘a’ e, portanto, o pensamento expresso por ‘a=b’ pode diferir do expresso por ‘a=a’; neste caso, as duas sentenças não têm o mesmo valor cognitivo. Se, como anteriormente, entendemos por ‘juizo’ a trajetória do pensamento para seu valor de verdade, podemos dizer que os juízos são diferentes.” (FREGE, 2009, p. 86)